Este
POST trata apenas da capacidade do sistema, sem entrar no mérito da
especificação operativa e/ou SOP da Empresa operadora ou das restrições da
autoridade aeronáutica local.
1- INTRODUÇÃO
O
HGS (HEAD UP DISPLAY
GUIDANCE SYSTEM) 5600, da Rockwell Collins, certificado para
os E-jets pela Embraer, tem por finalidade aumentar o alerta situacional,
principalmente durante as aproximações e decolagens com baixa visibilidade.
O
alerta situacional é melhorado porque o HGS permite que o piloto efetue uma
aproximação olhando para fora, pois o sistema projeta, no chamado Combiner, as
informações necessárias ao voo, facilitando a transição do IMC para o visual.
Além disso, quando guiado pelo computador do HGS (modo HUD A3), o sistema
também monitora o desempenho do piloto e emite avisos.
O
HGS foi certificado, pela ANAC, FAA e JAA, para a realização de ILS até os mínimos de CAT IIIa e
demonstrado em decolagens com mínimos de até 75 metros de RVR.
Definições
Combiner - tela
semitransparente de cristal onde são projetadas as informações e símbolos do
HGS.
Flare Cue (“+”) - este símbolo guia o FLARE nos pousos quando o modo HUD A3 está ativo.
Quando o HUD A3 não está ativado, o HGS não guiará o FLARE.
Guidance
cue (“o”) - é o Flight Director do
HGS. O “guidance cue” pode receber informações do computador do HGS ou do FGCS.
Se
o modo do “Windshear” for ativado, o “guidance
cue” fica sólido.
HUD A3 – quando anunciando
no FMA (verde) e no “Combiner”, indica que o modo ativo é o HUD A3 (o computador
do HGS está selecionado como fonte) e que os critérios para uma aproximação HUD
A3 foram atendidos.
Repeater
- quando
o HUD A3 for selecionado em Off (no MCDU), o HGS atua apenas um repetidor das
informações geradas pelo FGCS (PFD).
Runway Remaining - a
leitura da pista remanescente é mostrada na LVTO, na RTO e na corrida após o
pouso, quando esta for guiada pelo HUD A3.
TO Pitch
Reference Line
– a linha de referência de “pitch” (tracejada) define a atitude para a ROTAÇÃO na
decolagem.
2- LOW
VISIBILITY TAKE OFF – LVTO
Esse sistema, guiado
pelo Localizador, auxilia a decolagens com baixa visibilidade fornecendo orientações
do HGS, como uma informação suplementar às obtidas visualmente da pista.
Que orientações são estas:
- Orientação para a manutenção do centro da
pista (via ground roll guidance);
- Alerta de desvio
lateral excessivo e orientação para correção;
- Informação sobre o tamanho da pista remanescente.
Como
fazer funcionar o LVTO?
- Selecionar os receptores NAV1
e NAV2 na frequência do ILS da pista de decolagem;
- Selecionar os cursos do ILS em raw data e o HDG da pista;
- O tamanho da pista (MCDU)
deve ser entre 4.000 pés e 18.000 pés;
Será que está tudo certo?
Se as condições forem
atendidas e o sistema estiver operativo, o FMA e o HUD indicarão LVTO (verde no FMA), após piscarem por 5 segundos.
E o que mais oferece este sistema?
Durante a LVTO, o HGS
monitora e compara os Localizadores. Dependendo da falha, mensagens e símbolos
serão emitidos.
Por exemplo, a mensagem
“NO LVTO” será mostrada no FMA e no HUD, até a V1, para informar que o sistema
perdeu sua capacidade. Continuar ou rejeitar a decolagem depende das condições
ambientais e da política operacional da Empresa.
Se efetuar uma RTO,
existe algum auxílio?
Em caso de RTO, o tamanho da pista remanescente será mostrado.
A desaceleração
inercial da aeronave também é mostrada, baseada no efeito dos freios, dos reversores,
do atrito com a pista, etc. O símbolo LO, MED ou HI é mostrado para indicar a
intensidade da desaceleração (não tem relação com a seleção efetuada no A BRK pelo
piloto e sim da desaceleração da aeronave).
OK!!! E a ROTATION, como fica?
Com o modo TO
ativado, a atitude para a rotação é mostrada por uma linha de referência. Ela é
tracejada, fixa e posicionada em um “pitch” que depende da posição do Flap utilizado
na decolagem. Na rotação este é ângulo a ser usado inicialmente.
Ela é chamada de TO
Pitch Reference Line e fica visível até
3 segundos após a aeronave cruzar 50 pés. Após isso, a decolagem é guiada pelo
Flight Path Guindance Cue (FD do HGS).
3- Subida
– Rota – Descida
Nestas fases do voo, o HGS pode ser usado
como repetidor do PFD.
4- APROXIMAÇÃO E POUSO
O “Guidance Cue” pode
ser alimentado (guiado) pelo computador do HGS ou pelo FGCS. Embora sejam parecidas
quando mostradas no HUD, existem diferenças fundamentais entre estas duas
fontes.
Quando a aproximação
é guiada pelo computador do HGS (HUD A3 ON), e os demais critérios forem
atendidos, o HGS guia e monitora a aproximação e o pouso, inclusive o
“FLARE” e a corrida após pouso.
Se a fonte for o FGCS (HUD A3 Off), o HGS
apenas repete as informações do PFD.
Com o HUD A3 em OFF, não ocorrerão:
- Monitoramento da
aproximação pelo computador do HGS;
- O comando para o
FLARE; e
- Orientação e
informações após o pouso.
Através do MCDU, o piloto pode selecionar a
fonte a ser utilizada para guiar a aeronave durante a aproximação:
HUD
A3 ON
Os principais
benefícios de se efetuar uma aproximação com o modo HUD A3 ativado são:
a- Monitoramento do desempenho do piloto: um monitor de
desempenho é ativado quando abaixo de 500 pés AGL. Ele avalia o desempenho do
piloto analisando os parâmetros abaixo, e emite um APPR WRN (approach warning)
caso eles sejam excedidos.
Parâmetros monitorados e avaliados:
Durante a aproximação
(abaixo de 500 pés):
• Airspeed error, localizer and glideslope deviations e Crosstrack rate.
Durante o FLARE:
• Airspeed error, aircraft sink rate, lateral displacement from runway
centerline
• Pitch rate, roll angle, crosstrack rate, guidance tracking, late flare
initiation
• Long landing monitor (calculated touchdown distance from threshold.)
b – Comando de
Flare: entre 40 e 50 pés RA, o símbolo de comando de
FLARE (“+”) se posiciona para guiar
o FLARE. Em seguida, orienta o FLARE até o toque na pista. A mensagem IDLE
aparece entre 30 e 15 pés de RA para indicar a redução dos manetes.
c- Orientação no Solo: após o pouso,
símbolos apropriados indicam qualquer desvio do centro da pista. O tamanho
remanescente da pista e a intensidade da desaceleração da aeronave também são
mostrados.
Já estou convencido, o negócio é bom... Como
posso programar o HGS para uma aproximação CAT II guiada e monitorada pelo HGS?
Como já foi dito,
basta habilitar o sistema no MCDU (HUD A3 ON), e seguir os demais procedimentos
utilizados para uma aproximação CAT II e, além disso:
. O piloto automático
deve ser desligado acima de 1000 AGL;
. Se o ângulo do GS
da pista for diferente de – 3.0 graus, o piloto deve utilizar o FPR no painel
do FG para ajustá-lo.
Abaixo de 1500 pés AGL
o sistema verifica se as condições foram atendidas (até acima de 800 pés AGL). Caso
positivo, o modo HUD A3 será ativado.
Aproximação
utilizando o HGS como repetidor do FGCS
O HGS
pode ser usado como repetidor das informações do FGCS, em todas as fases do voo
(exceto nas aproximações CAT IIIa), melhorando o alerta de situação,
principalmente nas aproximações. Para isso, o modo HUD A3 deve ser desligado
(via MCDU). O HUD passará a repetir as informações do Flight Director e o piloto
automático poderá ser usado normalmente.
A aparência das
informações mostradas no HUD, quando usado como repetidor do FGCS, são quase
idênticas às mostradas quando usando o modo HUD A3, porém os avisos (warning
annunciators) relacionados com a função HUD A3 não serão gerados. Outra
diferença é que não haverá comando para o FLARE durante o pouso, pois o “guidance
cue” será removido quando a baixa altura.
Principais
características e critérios quando usar o HUD como repetidor:
• A 50 pés o
“guidance cue” será removido para CAT II e a 150 pés para CAT I.
• A DH/A deve ser
ajustada como abaixo:
.
200 pés e acima para CAT I.
.
Menos de 200 pés até 100 pés para CAT II.
• Entre 30 feet e 10
feet, Flare Cue symbols, consistindo de 2 sinais de mais (“+ +”), são mostrados acima das asas do
símbolo do Flight Path para alertar o piloto que o FLARE deve ser iniciado,
porém não haverá
monitoramento e nem orientação (guia) para o FLARE, pois a fonte é o FD do FGCS.
Nota:
De acordo com o AFM, são PROIBIDAS aproximações CAT II com o piloto automático desengajado,
usando o HGS como repetidor.
Mensagens
do HGS e do EICAS:
Os procedimentos e ações relativos às mensagens abaixo devem estar de acordo
com o SOP e com o QRH da Empresa
“NO HUD A3” (âmbar) – acima de 500 pés AGL
Esta mensagem pisca continuamente, no FMA (âmbar) e no Combiner, para
indicar que o modo HUD A3 perdeu a função de guiar a aproximação e o pouso.
Isto pode ser devido a uma falha do sistema ou do sensor, ou discrepância de
informações. Se ocorrer após o pouso, indicará a perda da capacidade de guiar a
aeronave na corrida de pouso.
“NO
HUD A3” (vermelho) – Abaixo de 500 pés AGL
Esta mensagem é ativada pelas mesmas condições descritas acima, porém com
a aeronave abaixo de 500 pés AGL. A mensagem pisca por 5 segundos e depois fica
contínua.
“APP WRN” (Approach Warning) – Abaixo de 500
pés AGL
Esta mensagem é mostrada no ADI (vermelho) e no “Combiner”, durante a
aproximação com o modo HUD A3 ativado, para indicar, principalmente, que a atitude ou posição da aeronave está fora
do envelope de desempenho requerido para aproximação e pouso.
O anúncio pisca por 5 segundos e depois fica contínuo.
Em condições IMC, um
APPR WRN sugere uma arremetida.
“HUD 1/2
FAIL”- esta mensagem, mostrada no EICAS na cor azul, indica
que o respectivo HGS falhou. Nesse caso, o “Combiner” fica sem qualquer informação
ou símbolo (blanks). Isto pode ser devido a uma falha de um LRU ou falha de
energia elétrica.
“HUD 1/2 A3 NOT AVAIL” - esta mensagem, mostrada no EICAS na cor azul, indica que o respectivo HGS
não tem capacidade de guiar a aproximação.
“HUD A3 Off” - esta mensagem, mostrada no EICAS na cor branca, indica que HUD A3 foi
desligado no MCDU. Neste caso, o HUD atuará apenas como repetidor do FCGS.
5- PERGUNTAS E RESPOSTAS (Q & A)
Abaixo, seguem algumas perguntas e respostas
decorrentes de conversas informais com pilotos operadores dos E-Jets.
Fique
à vontade para efetuar a sua!!!
Q -
Posso efetuar uma aproximação com o modo HUD A3 em um ILS certificado somente
para CAT I?
A – Teoricamente sim e, com certeza, até os
mínimos de CAT I.
Q – Posso
deixar o piloto automático ligado em uma aproximação com o modo HUD A3 para um
CAT II?
A – NÃO. Caso o
piloto automático não seja desligado, o modo HUD A3 não será ativado. É
possível, no entanto, fazer um CAT II com o modo HUD A3 desligado (Off no MCDU)
e usar o HGS como um repetidor. Veja acima o tópico CAT I e II usando o HUD
como repetidor:
Q –
Existe alguma Empresa que opere o HUD A3 e o AUTOLAND instalados na mesma
aeronave (Serial Number)?
A – NÃO. Até o momento, os sistemas são
incompatíveis. Ou tem HGS ou tem AUTOLAND. Existe Empresa que opera o HGS como
repetidor e AUTOLAND.
Q- Existe prevenção
de “Tailstrike” na Aproximação no HGS?
A – SIM. Durante a aproximação um potencial “tailstrike” será informado
no HUD pelo símbolo - “LDG ATT”.
Q – Caso encontre
uma situação de WINDSHEAR, o HGS vai guiar a saída do “windshear”?
A – SIM. As mensagens
Caution e Warning são mostradas no HGS de uma maneira similar às apresentadas
no PFD, e o “guidance cue” (fica sólido) orienta a saída do windshear de
maneira semelhante ao convencional.
No Windshear
Warning
a mensagem “WSHEAR” mostrada no “combiner” pisca por 10 segundos e depois fica boxeada.
Q – Existe guia
para uma aproximação sem auxílio de navegação no solo?
A – Para aproximações
visuais, mesmo sem ter sido inserido qualquer tipo de procedimento do data base
no FMS, exceto a Runway (o “Guidance Cue” e o símbolo de desvio do ILS desaparecem).
O HGS melhora a operação de aproximação auxiliando o piloto a manter a aeronave
na trajetória vertical apropriada para a pista, sem a necessidade de um
equipamento de pouso no solo (VASI, etc.).
Os “course selectors”
1 e 2 devem ser ajustados na proa da pista
nas aproximações de não precisão e visuais, para que o HUD possa ser utilizado
como repetidor.
Bons Voos