“Para os que NÃO sabem ler o RADAR, o mau
tempo parece mágica”
Anualmente, devido
à turbulência em voo, dezenas de pessoas se machucam. Um dos casos
mais marcantes foi o do voo UA-826 (B-747), em 28 de dezembro de 1997,
quando mais de 70 pessoas ficaram feridas e uma mulher morreu.
Mais recente, na
tragédia do voo 447 da Air France, as condições meteorológicas foram o
fator contribuinte mais determinante.
A interpretação
dos sinais fornecidos pelo RADAR e o mau uso to TILT estão entre os
fatores que podem levar a tripulação a entrar em mau tempo.
Radar (RAdio
Detection And Ranging)
A interpretação
do RADAR meteorológico é quase uma arte e é baseada no conhecimento e na
experiência do piloto. O RADAR emite um pulso eletromagnético dirigido
(feixe estreito em forma de cone). Essa energia varre o espaço e mostra o retorno
dos alvos encontrados. Nas nuvens, esse retorno é proporcional à
intensidade da precipitação. Gotas muito pequenas (como as que
formam neblina) não dão retorno algum no RADAR. O RADAR não é capaz de
detectar nuvens com baixa quantidade de gotas ou sem precipitação. CAT
(Clear Air Turbulence), windshear (sem precipitação) e fumaça vulcânica
também não são vistos.
Quanto maior
a precipitação, mais forte é o retorno. Por exemplo, nuvens mais
altas, normalmente, são mais secas e fornecem um retorno mais fraco. Isso
ocorre também com granizo seco, praticamente sem retorno.
A intensidade
da água é mostrada em cores, verde, amarelo, vermelho e roxo. Uma indicação
mais fraca (verde, por exemplo) pode iludir o piloto, caso ele a associe a
uma indicação mais forte e julgue que as condições são melhores.
Reforçando, a indicação do RADAR se refere à quantidade de água e não ao
perigo que a célula oferece, embora mudanças de cores, quando muito
próximas, possam indicar a presença de turbulência.
Opcionalmente, o RADAR usa o efeito DOPPLER para
detectar o movimento das partículas de chuva e as associar à turbulência.
Essa tecnologia, no entanto, detecta turbulência somente onde existir água
em movimento.
O solo e, principalmente, as
cidades, também são refletidos no RADAR e isso pode confundir sua
interpretação.
Atenuação (atennuation)
O pulso
do radar perde força quando atravessa um mau tempo, e isso é chamado de
“atenuação”. Essa característica pode esconder outro CB, localizado na
“sombra” do primeiro. Para resolver esse problema, alguns radares possuem
a função REACT (Rain Echo Attenuation
Compensation Technique). O REACT aumenta o ganho do receptor para
compensar a atenuação.
Quando a
compensação não for possível, a área onde possa
haver mau tempo escondido é indicada.
Antenna TILT
O ângulo entre
o centro do feixe de busca do radar e o horizonte é chamado de “antenna
tilt”. O TILT é frequentemente mal utilizado e seu entendimento é
fundamental para uma operação segura do RADAR. Se a inclinação não for
apropriadamente utilizada, os alvos meteorológicos podem ser perdidos ou
mal interpretados. Esta situação é particularmente perigosa para os jatos,
pois em grandes altitudes os alvos, normalmente, não têm água em forma
líquida e o TILT deve ser utilizado para pesquisar os níveis mais baixos (base
do CB).
Por outro lado, o TILT deve
ser ajustado de maneira que o solo não interfira com os alvos da
meteorologia. Normalmente, isto pode ser efetuado inclinando o feixe em
pequenos incrementos de 1 grau, até que o solo seja mostrado.
O solo pode ser distinguido
das células de mau tempo porque eles se aproximam à medida que o TILT é
baixado.
Após pegar
o solo, aumente a inclinação até ele quase desaparecer. O ideal é pegar um
pouquinho de solo no topo do “display”.
Nota: Se mudar
de altitude ou se selecionar outro alcance, é necessário novo ajuste.
Lightning
Sensor System (LSS)
Este
equipamento trabalha com outro tipo de sensor, que pode ou não estar
instalado na aeronave (opcional). A finalidade do LSS é detectar e mostrar
as áreas onde exista atividade elétrica.
CARACTERÍSTICAS DO RADAR DOS
E-JETs
O RADAR que equipa os
E-JETs possui as mais modernas características, inclusive as funções TURB,
REACT e auto TILT (ACT). Ele permite também que cada piloto ajuste as
diversas funções (range, TILT, ACT, etc), separadamente, de acordo com as
suas necessidades.
WX
Neste modo,
a cor mostrada no MFD ou PFD indica a intensidade da chuva, em
ordem crescente de intensidade: verde, amarelo, vermelho e roxo.
Os submodos a seguir funcionam em
conjunto com o modo WX:
ACT – Altitude Compensated TILT
function
Nos
E-Jets equipados com o RADAR WU-880, com o ACT habilitado,
o sistema, automaticamente, ajusta o TILT de acordo com a altitude do
avião e com o alcance selecionado. A utilização do ACT é recomendada, pois
neste modo o TILT foi previamente definido, por pilotos, engenheiros e
meteorologistas, como sendo a ideal para a altitude voada e para o alcance
selecionado. Mesmo com o ACT habilitado o TILT knob pode ser usado para
variar a inclinação em até 2 graus (ajuste fino).
RCT (REACT)
Quando
habilitado, o REACT é usado com o modo WX para compensar a atenuação do
pulso. As áreas em azul indicam que a compensação não foi suficiente e que a indicação nessa área não é confiável.
TURB (Turbulence Detection Function)
Nas
aeronaves equipadas com o RADAR WU-880, o efeito Doppler é utilizado para
determinar se existe turbulência. Áreas com turbulência moderada, severa
ou extrema, associadas ao mau tempo, são mostradas na cor branca.
Esta
função só pode ser engajada com WX e só é operacional com um range máximo
de 50 NM.
Gain
Nos E-Jets
o ganho é pré-selecionado (calibrado), mas também pode ser selecionado em
variável (VAR Gain), que permite ao piloto variar a sensibilidade
do receptor. A variação do ganho pode ser usada para uma análise adicional
das condições meteorológicas e para mapeamento do solo. Quando as funções
TGT e RCT estão selecionadas, a variação do ganho fica desativada.
Anúncios do RADAR dos E-JETS
WX OFF (branco): RADAR desligado.
WAIT (branco): RADAR ligado,
mas em processo de aquecimento.
S (branco): o modo “slave”
está ativo (o lado desligado fica escravizado ao outro lado).
STBY(branco): RADAR em
“standby” - aquece, mas não liga.
FSBY (verde) (“forced standby”):
o RADAR foi ligado no solo, porém está forçado em STBY para não transmitir
no solo.
WX (verde): indica que o
RADAR está ligado e transmitindo:
- WX/R
(verde): normal WX com RCT ativado.
- WX/T (verde):
normal WX com TURB ativado.
- WX/R/T
(verde): normal WX com RCT e TURB ativados.
-
WX/TX(verde): RADAR ligado (avião em voo), mas não selecionado para ser
mostrado no PFD ou MFD.
- TGT: a
função “target” foi selecionada. Se TGT piscar é um alerta para informar
que existe mau tempo localizado fora do alcance selecionado.
GMAP (verde): o RADAR está no
modo “ground” MAP.
OVRNG
(ambar): foi selecionado um alcance do MAP maior que 300 NM.
Situações anormais:
WX/TX
(ambar): indica que o RADAR está transmitindo no solo, mas não foi
selecionado para ser mostrado no PFD ou MFD.
WX CTRL
(ambar): WX “control bus” inválida.
FAIL (ambar): uma falha foi
detectada.
Como Reduzir o Workload no Uso DO
RADAR DOS E-JETs
Todos, provavelmente, já voamos
em áreas onde as condições meteorológicas exigem uma atenção total, aumentando
em muito o WOKLOAD da tripulação. Nestas situações temos que ajustar
constantemente o RADAR para escolher o melhor caminho, monitorar o tráfego
aéreo, cuidar da proteção da aeronave contra o mau tempo, se comunicar com o
ATC e com os passageiros… etc.
A sugestão para reduzir o
WORKLOAD nessas situações é colocar o RADAR do PNF no modo “slaved”- para
isso, devemos desligá-lo. Com esta ação, o PNF poderá copiar o RADAR do
PF no HSI (pressionando WX) e deixar seu MFD em TERRAIN.
Consequências benéficas (que
resultam na redução do WORKLOAD):
- A
varredura se torna bem mais rápida;
- Apenas
o PF tem que ajustar o RADAR, pois no modo S(slaved) o HSI do PNF repete todas
as indicações e informações do RADAR do PF, inclusive range e TILT;
- A página de TERRAIN continuará sendo mostrada no
MFD do PNF, mantendo as informações de obstáculo visíveis.
RESUMINDO:
Quando não está apontado para o
solo, o RADAR somente detecta água;
A cor da célula não é diretamente
proporcional ao perigo que representa. Cor verde, não necessariamente significa
menos turbulência;
O RADAR deve ser usado para
evitar formações e não para voar nelas;
Não decole ou pouse no meio de
uma tempestade. Relâmpagos são uma forte indicação de turbulência severa;
Não passe entre dois CB’s com um
espaço menor que 40 NM entre eles (o seguro é desviar 20 NM do CB). Se resolver
contornar, o mais seguro é desviar 20 NM “upwind”;
Verticalmente, desvie pelo menos
5000 pés de um CB;
O RADAR deve ser sempre usado em
operações noturnas.
Bons voos.
Bons voos.
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