quarta-feira, 28 de maio de 2014

E-JETS HGS



HGS – FIM DO MISTÉRIO
Este POST trata apenas da capacidade do sistema, sem entrar no mérito da especificação operativa e/ou SOP da Empresa operadora ou das restrições da autoridade aeronáutica local.
1- INTRODUÇÃO
O HGS (HEAD UP DISPLAY GUIDANCE SYSTEM) 5600, da Rockwell Collins, certificado para os E-jets pela Embraer, tem por finalidade aumentar o alerta situacional, principalmente durante as aproximações e decolagens com baixa visibilidade.
O alerta situacional é melhorado porque o HGS permite que o piloto efetue uma aproximação olhando para fora, pois o sistema projeta, no chamado Combiner, as informações necessárias ao voo, facilitando a transição do IMC para o visual. Além disso, quando guiado pelo computador do HGS (modo HUD A3), o sistema também monitora o desempenho do piloto e emite avisos.
O HGS foi certificado, pela ANAC, FAA e JAA, para a realização de ILS até os mínimos de CAT IIIa e demonstrado em decolagens com mínimos de até 75 metros de RVR.
Definições
Combiner - tela semitransparente de cristal onde são projetadas as informações e símbolos do HGS.
Flare Cue (“+”) - este símbolo guia o FLARE nos pousos quando o modo HUD A3 está ativo. Quando o HUD A3 não está ativado, o HGS não guiará o FLARE.  
Guidance cue (“o”) - é o Flight Director do HGS. O “guidance cue” pode receber informações do computador do HGS ou do FGCS.
Se o modo do “Windshear” for ativado, o “guidance cue” fica sólido.
HUD A3 – quando anunciando no FMA (verde) e no “Combiner”, indica que o modo ativo é o HUD A3 (o computador do HGS está selecionado como fonte) e que os critérios para uma aproximação HUD A3 foram atendidos.
Repeater - quando o HUD A3 for selecionado em Off (no MCDU), o HGS atua apenas um repetidor das informações geradas pelo FGCS (PFD).
Runway Remaining - a leitura da pista remanescente é mostrada na LVTO, na RTO e na corrida após o pouso, quando esta for guiada pelo HUD A3.
TO Pitch Reference Line – a linha de referência de “pitch” (tracejada) define a atitude para a ROTAÇÃO na decolagem.

2- LOW VISIBILITY TAKE OFF – LVTO
Esse sistema, guiado pelo Localizador, auxilia a decolagens com baixa visibilidade fornecendo orientações do HGS, como uma informação suplementar às obtidas visualmente da pista.
Que orientações são estas:
- Orientação para a manutenção do centro da pista (via ground roll guidance);
- Alerta de desvio lateral excessivo e orientação para correção;
- Informação sobre o tamanho da pista remanescente.
Como fazer funcionar o LVTO?
- Selecionar os receptores NAV1 e NAV2 na frequência do ILS da pista de decolagem;
- Selecionar os cursos do ILS em raw data e o HDG da pista;
- O tamanho da pista (MCDU) deve ser entre 4.000 pés e 18.000 pés;

Será que está tudo certo?
Se as condições forem atendidas e o sistema estiver operativo, o FMA e o HUD indicarão LVTO (verde no FMA), após piscarem por 5 segundos.
E o que mais oferece este sistema?
Durante a LVTO, o HGS monitora e compara os Localizadores. Dependendo da falha, mensagens e símbolos serão emitidos.
Por exemplo, a mensagem “NO LVTO” será mostrada no FMA e no HUD, até a V1, para informar que o sistema perdeu sua capacidade. Continuar ou rejeitar a decolagem depende das condições ambientais e da política operacional da Empresa.
Se efetuar uma RTO, existe algum auxílio?
Em caso de RTO, o tamanho da pista remanescente será mostrado.
A desaceleração inercial da aeronave também é mostrada, baseada no efeito dos freios, dos reversores, do atrito com a pista, etc. O símbolo LO, MED ou HI é mostrado para indicar a intensidade da desaceleração (não tem relação com a seleção efetuada no A BRK pelo piloto e sim da desaceleração da aeronave).
OK!!! E a ROTATION, como fica?
Com o modo TO ativado, a atitude para a rotação é mostrada por uma linha de referência. Ela é tracejada, fixa e posicionada em um “pitch” que depende da posição do Flap utilizado na decolagem. Na rotação este é ângulo a ser usado inicialmente.
Ela é chamada de TO Pitch Reference Line e fica visível até 3 segundos após a aeronave cruzar 50 pés. Após isso, a decolagem é guiada pelo Flight Path Guindance Cue (FD do HGS).

3- Subida – Rota – Descida
Nestas fases do voo, o HGS pode ser usado como repetidor do PFD.
4- APROXIMAÇÃO E POUSO
O “Guidance Cue” pode ser alimentado (guiado) pelo computador do HGS ou pelo FGCS. Embora sejam parecidas quando mostradas no HUD, existem diferenças fundamentais entre estas duas fontes.
Quando a aproximação é guiada pelo computador do HGS (HUD A3 ON), e os demais critérios forem atendidos, o HGS guia e monitora a aproximação e o pouso, inclusive o “FLARE” e a corrida após pouso.
Se a fonte for o FGCS (HUD A3 Off), o HGS apenas repete as informações do PFD.
Com o HUD A3 em OFF, não ocorrerão:
- Monitoramento da aproximação pelo computador do HGS;
- O comando para o FLARE; e
- Orientação e informações após o pouso.
Através do MCDU, o piloto pode selecionar a fonte a ser utilizada para guiar a aeronave durante a aproximação:
HUD A3 ON
Os principais benefícios de se efetuar uma aproximação com o modo HUD A3 ativado são:
a- Monitoramento do desempenho do piloto: um monitor de desempenho é ativado quando abaixo de 500 pés AGL. Ele avalia o desempenho do piloto analisando os parâmetros abaixo, e emite um APPR WRN (approach warning) caso eles sejam excedidos.
Parâmetros monitorados e avaliados:
Durante a aproximação (abaixo de 500 pés):
• Airspeed error, localizer and glideslope deviations e Crosstrack rate.
Durante o FLARE:
• Airspeed error, aircraft sink rate, lateral displacement from runway centerline
• Pitch rate, roll angle, crosstrack rate, guidance tracking, late flare initiation
• Long landing monitor (calculated touchdown distance from threshold.)
b – Comando de Flare: entre 40 e 50 pés RA, o símbolo de comando de FLARE (“+”) se posiciona para guiar o FLARE. Em seguida, orienta o FLARE até o toque na pista. A mensagem IDLE aparece entre 30 e 15 pés de RA para indicar a redução dos manetes.
c- Orientação no Solo: após o pouso, símbolos apropriados indicam qualquer desvio do centro da pista. O tamanho remanescente da pista e a intensidade da desaceleração da aeronave também são mostrados.
Já estou convencido, o negócio é bom... Como posso programar o HGS para uma aproximação CAT II guiada e monitorada pelo HGS?
Como já foi dito, basta habilitar o sistema no MCDU (HUD A3 ON), e seguir os demais procedimentos utilizados para uma aproximação CAT II e, além disso:
. O piloto automático deve ser desligado acima de 1000 AGL;
. Se o ângulo do GS da pista for diferente de – 3.0 graus, o piloto deve utilizar o FPR no painel do FG para ajustá-lo.
Abaixo de 1500 pés AGL o sistema verifica se as condições foram atendidas (até acima de 800 pés AGL). Caso positivo, o modo HUD A3 será ativado.
Aproximação utilizando o HGS como repetidor do FGCS
O HGS pode ser usado como repetidor das informações do FGCS, em todas as fases do voo (exceto nas aproximações CAT IIIa), melhorando o alerta de situação, principalmente nas aproximações. Para isso, o modo HUD A3 deve ser desligado (via MCDU). O HUD passará a repetir as informações do Flight Director e o piloto automático poderá ser usado normalmente.
A aparência das informações mostradas no HUD, quando usado como repetidor do FGCS, são quase idênticas às mostradas quando usando o modo HUD A3, porém os avisos (warning annunciators) relacionados com a função HUD A3 não serão gerados. Outra diferença é que não haverá comando para o FLARE durante o pouso, pois o “guidance cue” será removido quando a baixa altura.
Principais características e critérios quando usar o HUD como repetidor:
• A 50 pés o “guidance cue” será removido para CAT II e a 150 pés para CAT I.
• A DH/A deve ser ajustada como abaixo:
. 200 pés e acima para CAT I.
. Menos de 200 pés até 100 pés para CAT II.
• Entre 30 feet e 10 feet, Flare Cue symbols, consistindo de 2 sinais de mais  (“+ +”), são mostrados acima das asas do símbolo do Flight Path para alertar o piloto que o FLARE deve ser iniciado, porém não haverá monitoramento e nem orientação (guia) para o FLARE, pois a fonte é o FD do FGCS.
Nota:
De acordo com o AFM, são PROIBIDAS aproximações CAT II com o piloto automático desengajado, usando o HGS como repetidor.
Mensagens do HGS e do EICAS:
Os procedimentos e ações relativos às mensagens abaixo devem estar de acordo com o SOP e com o QRH da Empresa
 “NO HUD A3” (âmbar) – acima de 500 pés AGL
Esta mensagem pisca continuamente, no FMA (âmbar) e no Combiner, para indicar que o modo HUD A3 perdeu a função de guiar a aproximação e o pouso. Isto pode ser devido a uma falha do sistema ou do sensor, ou discrepância de informações. Se ocorrer após o pouso, indicará a perda da capacidade de guiar a aeronave na corrida de pouso.
“NO HUD A3” (vermelho) – Abaixo de 500 pés AGL
Esta mensagem é ativada pelas mesmas condições descritas acima, porém com a aeronave abaixo de 500 pés AGL. A mensagem pisca por 5 segundos e depois fica contínua.
“APP WRN” (Approach Warning) – Abaixo de 500 pés AGL
Esta mensagem é mostrada no ADI (vermelho) e no “Combiner”, durante a aproximação com o modo HUD A3 ativado, para indicar, principalmente,  que a atitude ou posição da aeronave está fora do envelope de desempenho requerido para aproximação e pouso.
O anúncio pisca por 5 segundos e depois fica contínuo.
Em condições IMC, um APPR WRN sugere uma arremetida.
 “HUD 1/2 FAIL”- esta mensagem, mostrada no EICAS na cor azul, indica que o respectivo HGS falhou. Nesse caso, o “Combiner” fica sem qualquer informação ou símbolo (blanks). Isto pode ser devido a uma falha de um LRU ou falha de energia elétrica.
“HUD 1/2 A3 NOT AVAIL” - esta mensagem, mostrada no EICAS na cor azul, indica que o respectivo HGS não tem capacidade de guiar a aproximação.
“HUD A3 Off” - esta mensagem, mostrada no EICAS na cor branca, indica que HUD A3 foi desligado no MCDU. Neste caso, o HUD atuará apenas como repetidor do FCGS.
5- PERGUNTAS E RESPOSTAS (Q & A)
Abaixo, seguem algumas perguntas e respostas decorrentes de conversas informais com pilotos operadores dos E-Jets.
Fique à vontade para efetuar a sua!!!
Q - Posso efetuar uma aproximação com o modo HUD A3 em um ILS certificado somente para CAT I?
A – Teoricamente sim e, com certeza, até os mínimos de CAT I.
Q – Posso deixar o piloto automático ligado em uma aproximação com o modo HUD A3 para um CAT II?
A – NÃO. Caso o piloto automático não seja desligado, o modo HUD A3 não será ativado. É possível, no entanto, fazer um CAT II com o modo HUD A3 desligado (Off no MCDU) e usar o HGS como um repetidor. Veja acima o tópico CAT I e II usando o HUD como repetidor:
Q – Existe alguma Empresa que opere o HUD A3 e o AUTOLAND instalados na mesma aeronave (Serial Number)?
A – NÃO. Até o momento, os sistemas são incompatíveis. Ou tem HGS ou tem AUTOLAND. Existe Empresa que opera o HGS como repetidor e AUTOLAND.
Q- Existe prevenção de “Tailstrike” na Aproximação no HGS?
A – SIM. Durante a aproximação um potencial “tailstrike” será informado no HUD pelo símbolo - “LDG ATT”.
Q – Caso encontre uma situação de WINDSHEAR, o HGS vai guiar a saída do “windshear”?
A – SIM. As mensagens Caution e Warning são mostradas no HGS de uma maneira similar às apresentadas no PFD, e o “guidance cue” (fica sólido) orienta a saída do windshear de maneira semelhante ao convencional.
No Windshear Warning a mensagem “WSHEAR” mostrada no “combiner” pisca por 10 segundos e depois fica boxeada.
Q – Existe guia para uma aproximação sem auxílio de navegação no solo?
A – Para aproximações visuais, mesmo sem ter sido inserido qualquer tipo de procedimento do data base no FMS, exceto a Runway (o “Guidance Cue” e o símbolo de desvio do ILS desaparecem). O HGS melhora a operação de aproximação auxiliando o piloto a manter a aeronave na trajetória vertical apropriada para a pista, sem a necessidade de um equipamento de pouso no solo (VASI, etc.).
Os “course selectors” 1  e 2 devem ser ajustados na proa da pista nas aproximações de não precisão e visuais, para que o HUD possa ser utilizado como repetidor.

Bons Voos

Um comentário:

  1. Na pouca experiencia que tive com HGS o desconforto e maior duvida no uso adequado era causado pela dificuldade de fundir a projeção do HGS com o voo visual....com brilho desajustado por vezes o foco ficava na projeção do HGS, deixando o voo visual em segundo plano, por vezes acontecia o contrario.
    Acho que o segredo era o ajuste do brilho, para que as duas informações ficassem no mesmo plano de foco

    ResponderExcluir