“Formação de gelo, raios, turbulência, granizo e outros
bichos"
I- INTRODUÇÃO
Durante
minha longa jornada como Aviador, em todos os cursos sobre Meteorologia, sempre
percebi a falta de um “link” entre o meteorologista e o piloto. O idioma do
meteorologista nunca me interessou e a motivação para o aprendizado era passar
na prova, em vez de aprender.
Os
cursos, normalmente compulsados pela legislação, nunca motivaram meu
aprendizado positivamente, uma opinião compartilhada pela maioria dos colegas
de profissão. Quando ouvia falar em Frente, adiabática, saturação, convecção, ciclone,
anticiclone, oclusa, etc, já perdia totalmente o interesse.
Este
POST é focado, principalmente, na formação de gelo em aeronaves (icing),
pois a análise de vários acidentes ocorridos evidenciou que os pilotos
necessitam um melhor entendimento sobre “icing”.
Aproveitei
também a oportunidade para sobrevoar outros perigos causados por CBs, um
fenômeno do qual devemos passar longe, pelo menos 20 NM.
Espero
motivar os colegas, como também a ajudá-los a voar com mais segurança.
Desperto
o assunto com algumas perguntas que talvez sejam dúvidas de muitos:
-
As aeronaves de transporte mais modernas são certificadas para voar em todas as
condições de formação de gelo?
- Sob o ponto de vista de
“icing”, voar em regiões com gotas d´água supercongeladas e/ou com “freezing
drizzle/rain” é mais perigoso do que voar em regiões com cristais de gelo?
- Os raios tão são perigosos
quanto aparentam?
- E o fogo de Saint Elmo,
oferece perigo?
- Turbulência pode danificar
a aeronave estruturalmente?
- O RADAR meteorológico
indica granizo, apropriadamente?
1-
Siglas e Definições:
LWC (liquid
water content) – é a quantidade de água em um determinado volume de ar. Ex. 3.0
gramas/m3. Nas condições
apropriadas, quanto maior a concentração de água, mais rápida a formação de
gelo nas aeronaves.
Micron – unidade
de medida utilizada para medir o diâmetro das gotas d´água. Um micron é igual a
10-3 mm (milésima parte do milímetro).
MVD
(mean droplets diameter) – o diâmetro médio da gota d´água é usado para definir
parâmetros de certificação, juntamente com a temperatura e a quantidade de água
em um determinado volume de ar (LWC).
OAT(SAT)
x TAT – OAT/SAT, é a temperatura do ar. TAT é a soma da OAT/SAT
mais o calor resultante da energia gerada pelo impacto do ar com a aeronave. A
TAT pode variar de acordo com o local no aerofólio, devido à variação de
pressão nos vários pontos. Quanto mais alta a pressão dinâmica, mais alta a
TAT. Nunca assuma que a temperatura reportada pelo instrumento é válida para qualquer
ponto.
SLD –
(supercooled large droplets) – quando a gotícula d´água em estado líquido, com
uma temperatura negativa (porém ainda líquida) atinge um determinado diâmetro,
ela é chamadas de SLD. As aeronaves não são certificadas para voar em
áreas com SLD.
Estado
da Água - na atmosfera, a água pode existir em 3 estados:
Vapor
d´água, líquido e sólido.
Na
transição de um estado para outro, libera ou absorve energia (calor).
Condensação
(condensation) - é a transição do vapor d´água para o estado líquido. Nesta
transição o vapor d´água libera calor.
Evaporação
– é a transição do estado líquido para vapor d´água, absorvendo calor.
Congelamento
(freezing) – é a transição do estado líquido para sólido, liberando calor.
Sublimação
(sublimation) – é quando o vapor d´água faz a transição diretamente para sólido,
liberando calor.
Derretimento
(melting) – é o contrário do congelamento, absorvendo calor.
II- FORMAÇÃO DE GELO NAS AERONAVES
(ICING)
Formação
de gelo na aeronave reduz a sustentação, aumenta o arrasto, diminui o ângulo de
estol, modifica a distribuição de pressão e complica o controle da aeronave.
Estudos
mostram que o arrasto pode aumentar em até 40% ou mais e a sustentação pode ser
reduzida em ate 30% ou mais. Mesmo um pequeno acréscimo de gelo acumulado pode
aumentar a velocidade de estol em até 15% a 30%. Em uma missão de pesquisa da
NASA, a aeronave sofreu 36% de aumento no arrasto como resultado de gelo
acumulado nas áreas não protegidas.
1- Certificação
– o que significa?
À
primeira vista, alguém pode deduzir - “se
a aeronave possuir um certificado para voar em condições de gelo ela pode
enfrentar qualquer situação relacionada a gelo”.
ERRADO
- existem condições ambientais que exigiriam que a aeronave fosse equipada com degelo/antigelo
em toda sua estrutura, exigência inviável com a tecnologia atualmente
disponível.
Desta
maneira, as autoridades aeronáuticas tiveram que definir condições ambientais (MVD,
LWC, temperatura, duração da exposição, entre outros), que pudessem ser
enfrentadas com os equipamentos degelo/antigelo atuais.
Os
critérios visando certificar a aeronave para voar com “icing” estão definidos no
FAR 25 (aviões de transporte) e outras legislações similares de outros países. O
fabricante deve somente - demonstrar que a aeronave pode, com segurança,
penetrar em regiões com as condições meteorológicas e critérios definidos no
FAR 25.
2- Como
se forma gelo na aeronave?
Nuvem
é umidade visível na atmosfera. Esta umidade pode estar na forma de vapor
d´água, gotas de água e partículas de gelo/neve. Ela pode se formar por vários
processos e, em todos eles, o ar deve ser esfriado até a saturação.
O
esfriamento do ar é, normalmente, resultado da ascensão do ar.
As
nuvens cúmulos são formadas por uma ascensão mais rápida do ar úmido e, normalmente,
contém mais LWC que as nuvens estratos.
Gotas
d´água (Droplets) - as gotículas d’água (em estado líquido) se
formam em torno de um núcleo, encontrado em abundância na atmosfera.
Inicialmente, crescem por condensação. Depois, colidem com as outras e aumentam
de diâmetro.
As
nuvens estratos formam gotas menores, pois as correntes ascendentes são fracas,
em comparação com as nuvens cúmulos, que produzem gotas maiores.
Formação
de gotas d´água supercongeladas/SLD
Quando
a temperatura da gota d´água atinge 0o C, já existe a possibilidade
de formação de partículas de gelo, mas isto
não ocorre.
Por quê? Similarmente
às gotas d´água, as partículas de gelo necessitam de um núcleo para se formarem
(FN – freezing nuclei). Ocorre que o FN é muito raro na atmosfera e,
praticamente, não existe com OAT de até -15o C.
Então,
devido à quase ausência de FN, as partículas de gelo praticamente inexistem até
a temperatura de -15o C. Teoricamente, até a temperatura de -15o
C as gotas d´água ficam supercongeladas, mas não se solidificam devido à
falta de FN. As gotas com diâmetro maior que 50 microns são chamadas de SLD.
As
SLDs são o maior perigo na formação de gelo nas aeronaves. Embora raras a temperaturas muito baixas, as SLDs provavelmente foram as responsáveis pelo congelamento dos pitots do A-330 (voo AF 447), que caiu sobre Atlântico em 2009.
Processo
de formação de gelo na aeronave (Icing)
Quando
a gota d´água colide com a aeronave, o bordo de ataque da asa pode estar com a
temperatura acima de zero, embora a temperatura da gota d´água e da OAT esteja
abaixo de zero.
Nota:
o bordo de ataque pode estar aquecido devido à pressão aerodinâmica ou por meio
de equipamento de aquecimento da aeronave. No entanto, no restante do
aerofólio, a temperatura pode estar abaixo de zero.
Pequenas
gotas têm pouca inércia e, portanto, a maioria é desviada pelo aerofólio.
Gotas
maiores (SLD) têm a habilidade de escorregar para a parte traseira do aerofólio
e congelar. Quando são encontradas condições para formação de gelo, as gotas
grudam além da área protegida, nas partes superior e inferior da asa. Este
gelo, na área não protegida, não será removido pelo equipamento de
proteção contra gelo.
Nota:
as gotas classificadas como SLD não estão incluídas nos critérios de
certificação e, portanto, as aeronaves não estão certificadas para voarem
nestas condições.
Partículas
de Gelo
Com
OAT de -15 até -40o C, o risco de SLD diminui significativamente,
pois as gotas d´água se transformam em partículas de gelo. As partículas de
gelo são menos perigosas que as SLD, pois elas resvalam na aeronave e raramente
grudam na estrutura não protegida. Mas, caso as partículas se transformem em
granizo, elas podem danificar a estrutura da aeronave em poucos segundos.
No
entanto, não formam gelo na aeronave.
3-
Que tipo de gelo se forma na aeronave?
Clear
Ice
– ocorre onde a OAT é de 0o
C a -15º C e com gotas d´água relativamente grandes. As gotas supercongeladas colidem
com a aeronave, mas não congelam instantaneamente no impacto. Elas escorregam
para a parte da asa não aquecida e congelam sobre/sob as asas. Isto produz uma
camada de gelo lisa que pode ser perigosa e de difícil detecção visual,
especialmente à noite.
Rime
Ice
– este tipo de gelo ocorre quando as gotas congelam no impacto. Isto ocorre
quando as gotas são pequenas e a OAT está muito baixa (-15º C a -40º C). Neste
caso a TAT no bordo de ataque também está baixa e o congelamento ocorre no
impacto. Em consequência, o ar fica preso dentro das gotas e produz uma
aparência leitosa, mais fácil de ser observada que o “clear ice”. Este tipo de
gelo, por se formar mais no bordo de ataque, é normalmente combatido pelo
sistema de degelo da aeronave.
O
“Rime Ice” tende a ser menos denso e geralmente se ajusta ao “leading edge”.
Ele é normalmente considerado menos perigoso que o “clear ice”, mas pode
degradar significativamente a performance da aeronave, caso não seja combatido.
Rime
+ Clear Ice – devido a certas condições ambientais, os 2
tipos de gelo podem estar presentes. Portanto, nunca assuma que só tem um tipo
de gelo e que está fora de perigo.
As
nuvens e formação de gelo
Nuvens
“estratiform” mais tipicamente provocam o “Rime Ice”, enquanto que as nuvens
“cumuliform” são mais associadas com o “Clear Ice”.
“Freezing
precipitation (drizzle/rain)” normalmente provocam o acúmulo de “clear ice”.
Nas
nuvens “cumuliform” a concentração de gotas d´água é maior (LWC) e elas tendem
a produzir “ice accretion” mais rapidamente. Cúmulos e CBs devem ser evitados
sempre que possível, principalmente onde a OAT for de zero a -15o C. “Ice condition”
nestas nuvens pode se estender por vários milhares de pés (verticalmente) e
mesmo pouco tempo de exposição pode ser perigoso.
As
nuvens “stratiform”, embora menos ameaçadoras, também devem ser respeitadas. O
tamanho das gotas d´água produzidas nos estratos é, normalmente, menor, quando
relacionadas às nuvens cúmulos. São verticalmente bem menores, mas podem se
estender por centenas de KM horizontalmente. Neste caso, a melhor opção é voar
por cima delas.
Independentemente
do tipo de nuvem, a possibilidade de formação de gelo é de 40% quando a
temperatura for de 0o C a -15º
C e de 14% quando a temperatura for abaixo de -20º C. Formação de gelo na aeronave pode existir OAT de até -40º C.
Abaixo
de -40o C, ICING é muito pouco provável.
Sumário
-
Clear – de 0o C a -10º C e gotas maiores;
-
Rime – de -15º C a -40º C e gotas menores;
-
Mixed – de -10º C a – 15º C.
4- Onde mora o PERIGO?
“Whenever you encouter
icing conditions, you should always start working to get out”.
Enfatizando - não foram definidos requisitos de
certificação que exijam que a aeronave prove que pode voar em condições de
formação de gelo decorrentes de SLD, “freezing drizzle” e nem com “freezing
rain”.
As condições
ambientais encontradas nos Freezing Rain/Drizzle excedem, em muito, os
critérios de certificação (envelope) e não
devem ser penetradas.
Estes
fenômenos podem provocar formação de gelo nas áreas não protegidas da aeronave,
degradar a aerodinâmica da aeronave e aumentar o arrasto além dos limites
considerados seguros.
5-
Como a aeronave certificada é protegida?
Os
sistemas de proteção contra gelo das aeronaves são desenhados para atender aos
requisitos do FAR 25. Um exame mais detalhado nas asas das aeronaves
certificadas para voo em condição de gelo revela que, na maior parte delas,
somente o “leading edge” é protegido. Isto é baseado no fato de que os
fabricantes puderam provar que, de acordo com os critérios definidos no FAR 25,
a aeronave pode voar, sem colocar o voo em risco, apenas usando seu sistema de
degelo nos “leading edge”.
Por
outro lado, não significa que a
aeronave possa voar em qualquer condição ambiental.
Aeronaves
com BOOTS - estudos aprofundados da NASA mostraram que, nas
aeronaves mais modernas, os “boots” devem ser ligados logo que a formação de
gelo se inicia. Esta técnica contraria um pouco a técnica antiga de deixar
formar ¼ a ½ polegada de gelo no bordo de ataque para depois ligar os “boots”.
Nota: siga sempre as recomendações do
fabricante.
6-
Como posso me prevenir?
Analise
as informações meteorológicas disponíveis (ADDS, PIREPS, METAR, TAF, etc.) para:
-
saber a extensão, a base e o topo das nuvens;
-
conhecer a localização da parte frontal da Frente, área de precipitação;
-
conhecer o “freezing level”.
Notas:
-
NÃO voe em
regiões com probabilidade de “freezing drizzle ou freezing rain”;
-
NÃO voe em regiões com probabilidade
de SLD e com alta LWC.
a- Como
sei que existe gelo na aeronave?
Além
dos avisos eletrônicos, esteja alerta para outros indicadores. Observe o
comportamento da aeronave, principalmente perda de performance e modificação nas respostas dos
controles da aeronave.
Mais
sinais indicadores:
-
Temperatura entre 0 e -15º C;
-
Forte eco no RADAR (indicando muita água);
-
“Clear ice” observado visualmente nas áreas não protegidas.
Lembre-se - as aeronaves não são certificadas
para voar com SLD. Se suspeitar de SLD - “dê o fora imediatamente”.
b- Como
devo lidar com a formação de gelo na aeronave?
Mesmo
se a formação de gelo for mínima, você deve continuar monitorando as condições meteorológicas
e tomar uma ação. Você pode descer abaixo do nível de congelamento ou subir acima
das nuvens.
Não
demore a tomar uma decisão, não espere acumular gelo.
Em
90% das vezes, uma modificação na altitude, em 3000 pés, resolve o problema
(sai das condições de formação de gelo).
Retornar
ou prosseguir para a alternativa é também opção.
Não
vacile em declarar emergência, case julgue necessário.
III- TEMPESTADES
WARNING: ENTRAR
EM TEMPESTADE NÃO É SAUDÁVEL
Também
conhecida por outros nomes (CB, Mau tempo, Squall Line (linha de CB), etc.), uma
tempestade fornece todos os perigos meteorológicos da Aviação em um pacote
único.
Exceto
“icing” (já abordado), vamos listar didaticamente os principais fenômenos provocados
por uma tempestade. Embora eles ocorram em várias combinações, vamos
didaticamente examiná-los separadamente.
1-
Turbulência
Turbulência
é um dos fenômenos que mais assustam os passageiros. Eles podem observar as
asas balançando e alguns entram em pânico.
Turbulência,
provocada por correntes ascendentes e descendentes, está presente em todas as
tempestades e pode danificar a estrutura da aeronave.
Relâmpago
é um evidente indicativo de turbulência.
Alguns
modelos de RADAR se propõem a indicar turbulência (TURB). Esta função é baseada
no efeito Doppler, que necessita do movimento das gotas de água para poder
indicar. Além disso, seu alcance é limitado à capacidade de medida do Doppler
(40 NM).
O
Doppler não detecta CAT (clear air turbulence).
2-
Hail
Granizo
compete com a turbulência como o maior risco para a estrutura da aeronave. Com
temperaturas abaixo de -15º C, as gotas de água supercongeladas encontram as
condições para se transformarem em partículas de gelo. As gotas se juntam e a
pedra de gelo cresce e podem se transformar em granizo. Granizo maior que ½
polegada de diâmetro pode danificar a aeronave significativamente, em poucos
segundos.
Onde
o granizo pode ser encontrado:
Em
tempestades severas, embora possa existir em qualquer tempestade;
Em
grandes altitudes (secos e de difícil identificação pelo RADAR);
Em
níveis mais baixos (FL 100 ou abaixo), parcialmente derretidos;
Em
baixo da bigorna do CB; e
Em
céu claro, a algumas milhas da tempestade mãe.
Notas:
- À medida que o granizo cai
a níveis mais baixos e quentes, eles derretem. Portanto, chuva na superfície não
significa que não tem granizo em altitude.
- Em níveis com temperatura
muito abaixo da temperatura de congelamento (em um CB) o granizo é seco e
dificilmente é “visto” pelo RADAR Meteorológico. Nestas regiões use o “tilt”
para apontar a antena para os níveis mais baixos, onde água pode ser
encontrada.
- Em níveis com temperatura
mais alta, o granizo derrete parcialmente e provoca um bom ECO no RADAR
meteorológico.
3-
Lightning Strike
Embora
raramente provoque grandes danos na aeronave, ser acertado por um raio pode ser
assustador, pode perfurar a “pele” da aeronave, prejudicar as comunicações e
danificar os equipamentos eletrônicos.
No
entanto, acidente sério devido a “lightning strike” é muito raro.
A
crescente aplicação de material composto nas aeronaves comerciais tem,
significantemente, aumentado o risco de danos devido a “ligntning strike”.
Pesquisadores estão investigando os danos causados em aeronaves com material
composto, para auxiliar na mitigação deste problema. A solução tem sido
utilizar condutores de metal na camada externa do material composto.
Sem
a proteção apropriada, os compostos com fibra de carbono podem ser muito danificados
no ponto de entrada dos raios.
Parâmetros
para avaliação e decisão dos pilotos
-
Quanto maior a frequência do raio, mais severa é a tempestade;
-
Frequência aumentando, significa tempestade crescendo. O oposto indica que a
tempestade está dissipando;
-
Durante a noite, flashes ao longo de uma grande parte do horizonte sugere uma
“squall line”;
-
A maioria (cerca de 80%) dos “lightning
strikes” reportados ocorrem dentro de nuvens, durante a fase de subida ou
descida, entre 5000 e 15000 pés.
4-Fogo
de Saint Elmo
Este
fenômeno, embora de aparência sinistra, é inofensivo.
Quando
a aeronave atravessa as nuvens, precipitação ou a concentração de partículas
sólidas (gelo, areia, poeira, etc.), ela acumula uma carga de eletricidade
estática. Esta eletricidade é descarregada no ar, em vários pontos da aeronave,
e pode ser vista à noite.
5-
Tornado
Mais
comum nos EUA, é um fenômeno violento. É formado por uma pressão muito baixa no
interior da nuvem que, com muita força, suga o ar inferior para dentro da nuvem.
Forma um vórtice extremamente concentrado, desde a superfície até as nuvens. Os
ventos podem atingir 200 Kts e a baixa pressão suga poeira e objetos.
Se
a nuvem não tocar o solo ela é chamada de nuvem funil, se tocar o solo é
um tornado, se tocar a água é uma tromba d´água.
Tornados
podem ocorrer com tempestades isoladas, mas muito mais frequentemente eles são
formados com tempestades estacionárias associadas com Frente Fria ou “Squall Line”.
Caso
uma aeronave entre em um vórtice de tornado, certamente irá sofrer dano
estrutural. O maior problema para os aviadores é que vórtice se estende para dentro
das nuvens e o piloto pode ser apanhado por um vórtice quando voando
instrumento.
6-
RADAR Meteorológico
“Quanto
mais água em estado líquido, maior o eco de retorno”
O RADAR
meteorológico necessita de água em estado líquido para refletir um bom ECO. Partículas
de água fornecem um retorno cinco vezes mais forte que cristais de gelo.
O
piloto pode ser enganado pela intensidade do eco de retorno - em grandes
altitudes o ar é seco e a antena deve ficar voltada para baixo, onde existe
mais umidade.
O
RADAR detecta:
Chuva,
chuvisco;
Granizo
derretendo;
Obs.
Cristais de gelo, granizo seco, neve seca são detectados com limitações (eco
fraco).
O
RADAR não detecta:
Nuvens
com pouca umidade, nevoeiros, vento, windshear, tempestade de areia,
turbulência (CAT) e relâmpagos.
7-
Recomendações
-
Não entre em tempestades;
-
Nunca considere uma tempestade com “leve”, mesmo se o eco do radar for fraco;
-
Não decole ou pouse quando uma tempestade estiver aproximando do aeroporto. Uma
súbita mudança de vento ou turbulência de baixo nível pode causar perda de
controle da aeronave;
-
Não tente voar sob a tempestade, mesmo que você possa ver o outro lado.
Turbulência sob a tempestade pode ser desastrosa;
-
Ao contornar uma tempestade, mantenha umas boas 20 NM de separação;
-
Se for passar por cima, 5000 pés acima do topo das nuvens é uma boa referência;
-
Lembre-se - relâmpagos indicam tempestade severa;
-
Considere como severa qualquer tempestade cujo topo seja 35.000 pés ou mais.
IV- CONCLUSÃO:
As
informações deste POST objetivam ampliar os conhecimentos e melhorar o
entendimento dos pilotos.
Elas
são genéricas e, em caso de conflito, o Manual do fabricante deve prevalecer.
Meteorologia
não é uma ciência exata e é impossível cobrir todas as situações e
cenários - lidamos com probabilidade, com incertezas e com interpretações
subjetivas.
Happy
Landings.
Parabéns pela postagem. Cheia de dicas práticas, isso é muito dificil encontrar em livros. Muito bom mesmo. Grande abraço
ResponderExcluirObrigado Cesar, abraços
ExcluirExcelente! Belo trabalho.
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